30 de abril de 2011

Rifa-se um coração

Narração de "Rifa-se Um Coração"

Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário.

Rifa-se um coração que na realidade está um pouco usado, meio calejado, muito machucado e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente que nunca desiste de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração que acha que Tim Maia estava certo quando escreveu: “…não quero dinheiro, eu quero amor sincero, é isso que eu espero…”.
Um idealista… Um verdadeiro sonhador…

Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a esperança de ser feliz, sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras.

Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições, arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido. Tantas vezes provocado. Tantas vezes impulsivo.

Rifa-se este coração desequilibrado, emocional, que abre sorrisos tão largos que quase dá pra engolir as orelhas, mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado, ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas para quem quer viver intensamente. Contra indicado para os que querem apenas passar pela vida matando o tempo, defendendo-se das emoções.

Rifa-se um coração tão inocente que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro na hora da prestação de contas: “O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento. Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este louco coração de criança que insiste em não endurecer e, recusa-se a envelhecer.”.

Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.

Rifa-se um coração cego, surdo e mudo, mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda não foi adotado, provavelmente, por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais, por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que, mesmo estando fora do mercado, faz questão de não se modernizar, mas vez por outra, constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convenceu seu usuário a publicar seus segredos e a ter a petulância de se aventurar como poeta.

Clarisse Lispector

29 de abril de 2011

Faço Silêncio


Faço silêncio
Para escutar o rumor de teus passos
Que chegam em lembranças tal como uma brisa de vento fresco.

Faço silêncio
Para sentir tua presença
Que faz pulsar meu coração e com ele toda a natureza.

Faço silêncio
Para sentir o sofrimento bom do teu lembrar
Que sossega meu coração estilhaçado e afasta as bestas da solidão.

Faço silêncio
Para meu pensamento voar
Deixar a prisão da saudade e declarar ao ouvido de tua alma meu muito amar.

Faço silêncio
Para não atrapalhar o ritmado tilintar de minhas lagrimas
Que escorrem pelo assoalho de minha garganta levando frio ao meu coração.

Faço silêncio
Para apreciar o crepitar das chamas da paixão
Deixo acesa a fogueira que acendeste em mim e em fogo de esperança queimo.

Faço silêncio
Para que o mundo ouça minha alma gritar
Da falta que sinto de teus lábios deitados sobre os meus me roubando segredos.

Faço silêncio
Em meu eterno esperar por um sussurro da tua boca a sentenciar:
Voltei, meu amor, para nunca mais te deixar.

27 de abril de 2011

Palavras e Canções

O verdadeiro amor sempre se revela em atos silenciosos, que falam mais alto do que o som de trovões.


 Nas mais lindas canções que já se pode ouvir
Nas mais belas poesias que já se escreveu
Não encontrei a explicação
De um nobre sentimento que se chama amor.

Poetas, pensadores, sábios e heróis
Tentaram com palavras descrever o amor
Foi tudo em vão, palavras não
Conseguem decifrar a voz do coração.

Enquanto procurei, por onde eu passei
Alguém que me explicasse o amor
Respostas não achei.

Palavras e canções, são simples ilusões
Confundem o poder do amor
Com a força das paixões.

Metade




Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que grito, mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe seja linda que tristeza.
Que a mulher que eu amo seja sempre amada mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida, mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor.
Apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos.
Porque metade de mim é o que ouço, mas a outra metade o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora se transforme na paz e na calma que eu mereço.
E que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que penso, mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que eu me lembro de ter dado na infância.
Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade não sei.

Que não seja necessário mais que seu sorriso para me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.

Que o amor nos aponte uma resposta mesmo que ele não saiba.
E que ninguém o tente complicar porque é preciso simplicidade para fazê-lo florecer.
Porque metade de mim é curiosidade e a outra metade é a descoberta.

E QUE A MINHA LOUCURA SEJA PERDOADA.
PORQUE METADE DE MIM É AMOR E A OUTRA METADE TAMBÉM.

26 de abril de 2011

Viver um grande amor


Viver um grande amor,
É estar nos seus braços,
É vibrar de emoção,
É sentir os mais lindos prazeres,
É amar estando presente mas é amar também na ausência...
É sentir a falta do amor distante.

Viver um grande amor,
É saber que, esteja onde estiver, estará sonhando
Relembrando os olhares trocados com paixão.
É esperar a volta de um amado, que com o coração partido,
Foi plantar felicidade para sua amada.

Viver um grande amor,
É sentir a mais doce saudade sabendo que, lá do outro lado,
Bem distante... Existe você...
Que ama de verdade, como só você sabe amar...

Viver um grande amor,
É ter novamente a presença do ser amado
É travar no leito a batalha do amor para depois desfrutar do cansaço,
Abraçados um ao outro.

Viver um grande amor,
É ver, sentir e ouvir a realidade de um amor
Dita pelos nossos olhos, não um "Também te amo",
Mas principalmente "Porque te amo".
É ouvir de você:
Espere por mim meu amor que já estou chegando.

Românticos

Como primeiro post nada melhor do que a música que inspirou o nome do blog:

ROMÂNTICOS - VANDER LEE



Românticos são poucos, românticos são loucos desvairados que querem ser o outro, que pensam que o outro é o paraíso...
Românticos são lindos, românticos são limpos e pirados que choram com baladas, que amam sem vergonha e sem juízo...
São tipos populares que vivem pelos bares e mesmo certos vão pedir perdão, que passam a noite em claro, conhecem o gosto raro de amar sem medo de outra desilusão...
Romântico é uma espécie em extinção!
Românticos são loucos, românticos são poucos! Como eu! Como nós!